Josy Madruga: A Sul-Mato-Grossense que Desafiou o Deserto do Saara e Fez História na Maratona das Areias
*Em 2025, a história do esporte brasileiro ganhou uma nova protagonista. Josy Madruga, uma ultramaratonista de 47 anos, se tornou a primeira mulher brasileira a completar a Maratona das Areias (Marathon des Sables), uma das provas mais extremas e temidas do mundo, no coração do Deserto do Saara. Durante sete dias, ela percorreu 250 quilômetros enfrentando temperaturas implacáveis, tempestades de areia, noites geladas e os próprios limites físicos e mentais.*
A Desafiante Prova no Saara
A Maratona das Areias é conhecida por ser um teste brutal de resistência. Realizada anualmente no Deserto do Saara, a competição exige que os participantes carreguem seus próprios suprimentos — uma mochila pesada de mais de 10 kg — enquanto enfrentam temperaturas superiores a 50°C durante o dia e um frio intenso à noite. Durante os sete dias de prova, os corredores enfrentam etapas de 30 a 80 quilômetros diários, sendo desafiados pelo terreno árido e pela falta de apoio externo.
Para muitos, a competição representa um obstáculo quase insuperável, mas para Josy, a batalha mais difícil estava na mente. “Você fica muito tempo sozinha. Eu acredito que, para estar ali, você precisa estar 100% bem mentalmente. Pelo menos 80% dessa corrida é sobre o preparo mental; o restante é físico”, diz Josy, refletindo sobre os momentos de tensão interna que viveu ao longo da jornada.
A Força da Superação Pessoal
A coragem de Josy para encarar o Saara tem uma origem profunda. Em 2021, ela enfrentou um dos maiores desafios de sua vida: uma infecção grave por Covid-19, que a levou à beira da morte. Com três paradas cardíacas, entubada e em coma, Josy sentiu na pele a fragilidade da vida. “Foi triste. Hoje, eu sou outra pessoa. Eu sei viver, sei sentir o vento e dar valor a cada coisa”, conta, emocionada.
Mas essa experiência, que poderia ter abalado qualquer um, serviu como combustível para a ultramaratonista. Ao se recuperar, Josy descobriu uma força interior que jamais imaginou ter. Esse poder renovado foi o que a levou até o Saara, onde ela superou lesões, medos e angústias. "Foi inacreditável. Ser a primeira mulher e estar ali, vivenciar tudo aquilo. Eu não sei explicar, não sei dizer o que passei ali. Foi imensurável a energia daquele lugar", lembra, ainda tocada.
A Luta Contra o Deserto
Enquanto muitos competidores sofrem com o calor escaldante e as tempestades de areia, Josy precisou enfrentar também a solidão do deserto. “Eu peguei tempestade de areia, peguei frio, peguei a escuridão. Mesmo sem apoio, ali você se conecta com você mesma e vai em frente. É lindo", reflete a ultramaratonista, que aprendeu a lidar com a imensidão do Saara e a se conectar com seus próprios limites e forças.
A preparação mental foi, sem dúvida, a chave para a sua conquista. Quando cruzou a linha de chegada, a sensação era única: “Estou viva. Tô viva e posso fazer o que eu quero. Tô respirando, tô andando, tô correndo. Eu acreditei em mim mesma. Viver, esse é o poder”, diz Josy com um sorriso de gratidão por ter superado tantos desafios.
O Legado de Josy Madruga
Josy não só escreveu seu nome na história do esporte brasileiro, mas também quebrou barreiras para as mulheres no Brasil. Sua jornada reflete a importância de acreditar em si mesma, independentemente das adversidades que a vida possa apresentar. Ela é um símbolo de que, por mais imensas que sejam as dificuldades, a persistência e a força de vontade podem levar qualquer um a conquistar seus próprios limites.
“A maior corrida é contra as limitações que colocamos em nossas próprias mentes", diz Josy, um ensinamento que ressoa para qualquer pessoa que busque superação — seja no esporte ou na vida.
Hoje, com o espírito renovado pela experiência, Josy já está pensando em seus próximos desafios. Mas, para ela, a verdadeira vitória foi aprender a viver com intensidade, coragem e, sobretudo, com gratidão.
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"Eu aprendi que viver é um poder", afirma Josy, uma frase que ecoa como um mantra, inspirando todos aqueles que buscam vencer suas próprias batalhas.
Fonte: GE
segunda-feira, 21 de abril de 2025