Documenta Pantanal leva urgência ambiental à Europa com 'Água Pantanal Fogo'
Pantanal em chamas e em seu esplendor natural são tema de exposição na Europa / Lalo de Almeida / Luciano Candisani
O Pantanal sul-mato-grossense, maior planície alagável do planeta, é um território de uma biodiversidade inestimável, sendo berço de uma fauna e flora únicas. No entanto, essa rica diversidade está cada vez mais ameaçada, principalmente após os devastadores incêndios de 2020 e 2024. Para sensibilizar o mundo sobre a gravidade dessa destruição, a exposição-manifesto Água Pantanal Fogo, com curadoria de Eder Chiodetto, será exibida em 2025 na Alemanha e em Portugal, levando uma visão contundente sobre a urgência da preservação deste ecossistema.
Composta por 80 fotos impactantes de dois dos maiores fotodocumentaristas do Brasil, Lalo de Almeida e Luciano Candisani, a exposição revela o contraste entre a exuberância do Pantanal e a devastação das queimadas. Ao longo de sua jornada, a mostra vai expor, entre fevereiro e junho de 2025, as consequências dos incêndios para a fauna, flora e para o clima, enquanto também celebra a vida e a resistência do bioma.
O Documenta Pantanal, responsável pela itinerância da exposição, é uma iniciativa dedicada à preservação e conscientização sobre as questões ambientais que afligem o Pantanal. De acordo com Mônica Guimarães e Teresa Bracher, coordenadoras do projeto, a exposição busca alertar o público global sobre os efeitos das queimadas e da crise climática no bioma. "O Pantanal, com sua forte influência sobre o clima, não é só uma preocupação local, mas uma urgência para todos nós. Ao levar a mostra para a Europa, buscamos ampliar essa reflexão e convocar as pessoas a se engajarem na causa", afirmam.
Fichas técnicas e a curadoria da exposição
A seleção de imagens da mostra foi cuidadosamente composta, sendo 40 fotos de Lalo de Almeida e 40 de Luciano Candisani. O trabalho de Almeida, premiado globalmente, é um testemunho da destruição do Pantanal, especialmente com sua série Pantanal em Chamas, que o levou a receber o prestigiado prêmio World Press Photo. As imagens de Candisani, por outro lado, capturam a majestade da água e da vida selvagem do Pantanal, com fotos submersas e aéreas que revelam um ecossistema em constante transformação, principalmente durante as cheias.
A exposição, que teve sua estreia em São Paulo no Instituto Tomie Ohtake, em 2024, causou grande impacto, recebendo mais de 15 mil visitantes. Eder Chiodetto, curador da exposição, explica que a intenção da mostra é não apenas apresentar as belezas do Pantanal, mas também provocar uma reflexão sobre as ameaças que ele enfrenta. "As imagens de Lalo mostram a tragédia da destruição, enquanto as de Luciano revelam a grandeza do Pantanal. A combinação dessas perspectivas proporciona um aprendizado profundo e urgente", afirma Chiodetto.
Uma jornada visual e ambiental
A curadoria de Eder Chiodetto soube articular de forma única as imagens dos dois fotógrafos, criando um diálogo entre vida e morte no Pantanal. "As fotos dos dois fotógrafos conversam entre si, apesar dos contrastes. A ideia era fazer com que a exposição funcionasse como um manifesto, sensibilizando e educando o público sobre o que está acontecendo no Pantanal", explica Lalo de Almeida.
Com a responsabilidade de capturar a grandiosidade do Pantanal e, ao mesmo tempo, denunciar as consequências da degradação ambiental, os dois fotógrafos se expuseram a condições extremas para registrar a realidade do bioma. As fotos de Candisani são fruto de sua pesquisa de três décadas sobre ecossistemas e conservação. "Minha fotografia é uma forma de me conectar com a natureza e com os espaços naturais que precisam ser preservados", diz Candisani.
Por trás das lentes desses dois talentosos fotógrafos, a curadoria e o Documenta Pantanal apresentam a realidade do bioma: um local de beleza impressionante, mas que, infelizmente, está sendo consumido por um incêndio global que afeta diretamente o equilíbrio ecológico e climático.
Serviço:
Até o dia 6 de abril, a exposição será apresentada no Museu Internacional Marítimo de Hamburgo, na Alemanha, e, a partir de 16 de abril, segue para o Museu Nacional de História Natural e da Ciência, em Lisboa, onde ficará até 6 de julho de 2025.
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