Relação entre Brasil e China muda de patamar após viagem
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste domingo (16.abr.2023) que os acordos firmados entre Brasil e China somam R$ 50 bilhões em investimentos. A estimativa é do Ministério da Fazenda. Entretanto, nem o chefe do Executivo nem o órgão detalharam quanto desse montante vai para cada um dos pactos (leia a lista abaixo).
Nos Emirados Árabes Unidos, foram negociados investimentos de R$ 12,5 bilhões por meio de um memorando de entendimento entre a Bahia e o fundo financeiro de Abu Dhabi Mubadala Capital, controlador da Acelen, responsável pela refinaria de Mataripe. A Acelen planeja investir os R$ 12 bilhões nos próximos 10 anos na produção de combustíveis renováveis. A expectativa é produzir 1 bilhão de litros por ano, movimentar R$ 85 bilhões na economia, contribuir para criação de 90.000 postos de trabalho diretos e indiretos e reduzir em até 80% as emissões de CO2 com a substituição do combustível fóssil, o que pode tornar a empresa uma das maiores produtoras de combustíveis renováveis do mundo.
“O que é mais importante do que a soma do dinheiro, é a possibilidade de novos acordos que podem ser feitos. Não apenas do ponto de vista comercial, mas do ponto de vista cultural, do ponto de vista digital, do ponto de vista educacional”, declarou Lula ao falar com jornalistas em Abu Dhabi no domingo (16.abr). Lula disse ter convidado o xeique Mohammed bin Zayed al-Nahyan, presidente dos Emirados Árabes Unidos, para visitar o Brasil. “Tem muitos interesses econômicos no Brasil para o país”, afirmou Lula. Segundo o chefe do Executivo, o governo “está fazendo aquilo que é sua obrigação: se abrir para o mundo e, ao mesmo tempo, convencer o mundo a se abrir para o Brasil”.
A família de Mohammed bin Zayed al-Nahyan tem histórico controverso. Em 2021, a série investigativa Pandora Papers (da qual o Poder360 participou) descobriu offshores de familiares xeique e elo com empresa que favoreceu acusados de crimes financeiros, tráfico de ouro e envolvimento com pornografia infantil.
Especialistas classificaram a viagem de Lula à China como um sucesso. O diplomata Rubens Barbosa, ex-embaixador em Washington, declarou ao jornal O Estado de São Paulo ser “tremendo” o contraste com a ida do presidente aos Estados Unidos, em fevereiro. Lula voltou de Washington “de mãos abanando” enquanto retorna da China com “a mala cheia” de acordos e promessas.
Ao jornal O Globo, o professor de política internacional da Universidade Federal de Minas Gerais, Dawisson Belém Lopes, também comparou as duas viagens de Lula. Disse que a ida à China “rendeu mais” em “termo de manchete e de repercussão”. Segundo ele, o passagem de Lula por Xangai e Pequim “deixa mais promessas” e “um rastro mais visível” do que o deslocamento a Washington.
“E em dimensões múltiplas, do meio ambiente à agricultura, da cooperação em tecnologia às novas possibilidades na diplomacia e no âmbito do sistema financeiro internacional. É um marco neste início de governo”, declarou.
Na prática, entretanto, os acordos e memorandos assinados em viagens internacionais de presidentes muitas vezes ficam apenas no plano das intenções. É comum quase nada ser concretizado. Quando era presidente do Brasil, em 2011, Dilma Rousseff visitou a China. Ouviu promessas de investimentos de R$ 60 bilhões.
Poder360
segunda-feira, 17 de abril de 2023