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quinta-feira, 3 de novembro de 2022
RIOVERDEMS | Por PORTAL RIOVERDE NOTICIAS

Coreia do Norte lança 23 mísseis, acionando alarme de ataque aéreo no Sul

 


A Coreia do Norte disparou pelo menos 23 mísseis nesta quarta-feira, incluindo o primeiro a sobrevoar uma fronteira marítima com a Coreia do Sul, o maior número em um único dia sob o comando do líder Kim Jong-un, que está no poder desde 2011. Os lançamentos ocorreram um dia depois que Pyongyang ameaçou tomar “medidas severas” se os Estados Unidos não interromperem os atuais exercícios militares com os sul-coreanos no Mar Amarelo.

O presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, denunciou a ação como "uma violação territorial", e seu país respondeu algumas horas depois disparando três mísseis em águas internacionais no lado norte-coreano da fronteira marítima, conhecida como Linha do Limite Norte. A Coreia do Sul também fechou algumas rotas aéreas a leste da Península Coreana por razões de segurança, disse o Ministério dos Transportes.

A troca de mísseis entre os dois países marca uma escalada nas tensões dos últimos meses, e desencadeou o primeiro alerta de ataque aéreo na populosa ilha de Ulleungdo, no Sul da Coreia do Sul, revivendo memórias do bombardeio de Yeonpyeong pelo Norte em 2010, quando quatro pessoas morreram.

O regime norte-coreano vem intensificando o lançamento de projéteis desde a retomada, no mês passado, das manobras militares conjuntas entre Seul e os Estados Unidos, que mantêm bases na Coreia do Sul desde a Guerra da Coreia (1950-1953) e cerca de 28 mil militares estacionados no país.

Os exercícios haviam sido interrompidos há cinco anos, quando o governo do presidente sul-coreano anterior, Moon Jae-in, retomou negociações com o Norte com vistas à assinatura de um acordo de paz definitivo. As conversas, que incluíram duas reuniões de cúpula entre Kim Jong-un e o então presidente americano Donald Trump, acabaram fracassando diante da recusa de Pyongyang de desmantelar seu programa de armas nucleares antes do fim das sanções da ONU e dos EUA. Neste ano, Kim aprovou uma nova doutrina na qual consagra o país como uma potência atômica.

Nesta quarta, o tenente-general Kang Shin Chul, diretor-chefe de operações das Forças Armadas sul-coreanas, chamou o lançamento do míssil que atravessou a fronteira marítima de “um ato altamente incomum e intolerável”.

— A sirene começou a tocar às 8h55 e recebemos uma mensagem eletrônica do governo dizendo que essa é uma “situação real”, não uma simulação — disse Chung Young-hwan, funcionário local em Ulleung. — Nos refugiamos em um abrigo subterrâneo por três ou quatro minutos antes de sairmos novamente.

Chung disse que a sirene foi acionada em toda a ilha, mas os moradores não foram informados imediatamente sobre o motivo.

— Soubemos que era um míssil norte-coreano quando vimos as notícias — acrescentou.

Inicialmente, o Exército sul-coreano informou que Pyongyang havia disparado 10 mísseis, apontando que, em seguida, lançou gradualmente outros 13. A Coreia do Norte também fez 100 disparos de artilharia em uma área de fronteira marítima, de acordo com o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul. Um dos mísseis, disparado por volta das 8h51 (20h51 de terça-feira no Brasil), caiu em águas internacionais a cerca de 26 quilômetros ao sul da fronteira marítima.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o ministro das Relações Exteriores da Coreia do Sul, Park Jin, discutiram os lançamentos e condenaram o que viram como uma provocação militar "sem precedentes", disse a diplomacia americana em comunicado.

A Coreia do Norte realizou 28 testes de armas este ano que envolveram projéteis balísticos e outros tipos de mísseis — mais do que em qualquer ano anterior — desafiando as resoluções do Conselho de Segurança da ONU que proíbem testes dessas armas, bem como de dispositivos nucleares.

Os lançamentos desta quarta-feira ocorreram no momento em que a Coreia do Sul está de luto pela morte de mais de 150 pessoas em um tumulto em Seul durante as festividades de Halloween, no último fim de semana. O governo sul-coreano disse que o momento "expôs claramente a verdadeira face do regime norte-coreano e seu desrespeito à Humanidade e ao humanitarismo".

Os atuais exercícios militares conjuntos de EUA e Coreia do Sul, que já tiveram uma etapa terrestre e nesta semana iniciaram a fase naval, envolvem 240 aeronaves. Esperava-se que os aviões realizassem cerca de 1.600 missões, o maior número já registrado para essas manobras, que os aliados dizem que visam garantir sua preparação à luz da crescente ameaça da Coreia do Norte.

Pyongyang, por sua vez, chamou esses exercícios de ensaios para uma invasão. Na segunda-feira, quando começou a etapa naval, o Norte afirmou que as aeronaves estavam praticando “atacar alvos estratégicos da RPDC”, a República Popular Democrática da Coreia, o nome oficial do Norte.

“Se os EUA persistirem continuamente nas graves provocações militares, a RPDC levará em conta medidas mais severas” como resposta, disse o Ministério das Relações Exteriores norte-coreano na ocasião.

Kim vem prometendo expandir as forças nucleares e de mísseis do país, que vê como essenciais para garantir a segurança de seu regime e aumentar seu poder de barganha em qualquer conversa sobre controle de armas com Washington.

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