Príncipe Harry esteve no Pantanal e prometeu a amigos brasileiros que um dia vai voltar
A morte da rainha Elizabeth II semana passada – dia 8 de setembro - libertou uma série de histórias represadas da família real britânica em todo o mundo.
No Brasil não foi diferente. A rainha esteve no Brasil em 1968, e o príncipe Charles – agora rei Charles III – outras quatro vezes: sambou em 1978, veio acompanhado da princesa Diana em 1991 e também esteve por aqui em 2002 e 2009.
Mas o que pouca gente sabe é que um dos seus filhos – o príncipe Harry – que oficialmente esteve no Brasil em 2014, para promover a Copa do Mundo, também passou por aqui outra vez.
O príncipe Harry, que não vai ser rei porque não é o primogênito do conturbado casamento entre Charles III e a princesa Diana, falecida em 1997, e também por ter abandonado suas funções na monarquia britânica, visitou o Pantanal em 2012.
O registro está no livro “A saga da família Klabin-Lafer”, escrito pelo jornalista e historiador Ronaldo Costa Couto.
A visita do príncipe Harry of Wales aconteceu em 2012. No Pantanal, ele foi recebido por Daniel Klabin e Maria Izabel (Bebel) Klabin, os donos da Klabin – maior fabricante de de papéis para embalagem do Brasil, além de embalagens de papelão, que ano passado faturou a bagatela de R$ 19 bilhões.
De acordo com o livro de Ronaldo Costa Couto, no qual essa história foi evidenciada em primeira mão pelo site de notícias e jornal Valor Econômico -, essa informação pode ser tratada como um laço de união entre a coroa britânica e uma das famílias mais ricas e influentes do Brasil: os Klabin-Lafer.
Certo mesmo é que o príncipe Harry, que oficialmente se desligou da vida de monarca em 2020, na ocasião - no Pantanal - saboreou e gostou do churrasco pantaneiro, cavalgou, pescou e viu de perto a geografia do bioma brasileiro, com destaque para as planícies inundáveis.
Em “A saga da família Klabin-Lafer”, Ronaldo Costa Couto revela que – há mais de 100 anos – os britânicos eram donos dos negócios em terras pantaneiras.
Hoje, porém, a família Klabin-Lafer sedia empresas, fazendas e a Estância Caiman, que é um misto de resort com áreas de preservação do empresário e ambientalista Roberto Luiz Leme Klabin.
Tudo isso aconteceu em Miranda, município localizado a 207 km de Campo Grande.
Lá, baseando-se nos relatos da família Klabin-Lafer, Ronaldo Costa Couto revela a curiosidade do príncipe sobre o Pantanal, além do seu inegável interesse pelas pautas ambientais e sustentáveis.
No livro, Ronaldo Costa Couto mostra que o príncipe ficou surpreso ao saber que seus compatriotas foram donos daquela área do Pantanal há um século.
O príncipe Harry ficou hospedado na Fazenda Damaro, que é uma das propriedades do casal Daniel e Bebel Klabin.
Harry prometeu voltar um dia, mantém laços com os Klabin-Lafer e – em sua despedida – escreveu: “Para minha família brasileira! Muito obrigado pelos dias maravilhosos [...] O Pantanal é um lugar muito especial”, diz o príncipe segundo transcrição no livro.
A visita de Harry também foi documentada em imagens e duas delas estão no livro: na primeira, o príncipe aparece sorrindo ao lado de David Klabin e, na outra, ele participa de um almoço ao lado de “sua família brasileira”.
O que os ingleses foram fazer em Miranda?
Nem o príncipe Harry sabia que os ingleses tiveram negócios em Mato Grosso do Sul.
E não é para menos porque a história é antiga e começou em 1912 – há exatos 100 anos.
Naquele mundo prestes a explodir com a Primeira Guerra Mundial, em que o Brasil era governado por Hermes da Fonseca, foi constituída a empresa “The Miranda Estancia Company Limited”.
Completamente britânica, a empresa começou a operar no município de Miranda em 25 de setembro de 1912, após a assinatura de um decreto presidencial.
A empresa era detentora de 225 mil hectares no município de Miranda, em uma região que cortada por dois rios: um homônimo e o rio Aquidauana.
Na ocasião, o foco era voltado para a criação de gado de corte e exploração de madeira. Fora do contexto do livro de Ronaldo Costa Couto, as histórias antigas – daquelas, ao pé do ouvido – supostamente revelam que esta área do Pantanal seria uma alternativa de produção de alimentos para o exército inglês.
A história existe, mas ninguém confirma.
Registrado mesmo está a saída dos ingleses de Mato Grosso do Sul, que aconteceu em janeiro de 1952.
A empresa “The Miranda Estancia Company Limited” foi vendida por “poderosos súditos do Império Britânico” a empresários brasileiros.
Segundo relatos históricos, Wolff Klabin, conforme texto do escritor Abílio Leite de Barros, citado no livro de Ronaldo Costa Couto, designou Olavo Egídio de Sousa Aranha, em Londres, para conduzir as negociações e a Klabin Irmãos & Cia (KIC) ficou, inicialmente, com 12% da empresa.
Após a negociação, o empreendimento – agora pantaneiro - passou a se chamar Miranda Estância S.A. Agropecuária.
Na década de 1970, os Klabin-Lafer compraram a participação dos demais sócios ingleses.
Nos anos de 1980, as terras começaram a ser divididas entre 16 herdeiros dos Klabin-Lafer.
O sonho de Wolff Klabin acabou por encantar o duque de Sussex – popularmente conhecido como o príncipe Harry.
No livro de Ronaldo Costa Couto, intitulado “A saga da família Klabin-Lafer”, fica nítido que o relacionamento empresarial entre os Klabin-Lafer com a realeza britânica iniciou-se nos anos 40, nos tempos da Segunda Guerra Mundial.
Wolff Klabin - que junto com Horácio Lafer pôs a papeleira Klabin na elite da indústria nacional – interessou-se pela “Marcha para o Oeste” brasileira, promovida por Getúlio Vargas, ainda na ditadura do Estado Novo.
A finalidade da “Marcha para o Oeste” foi de promover a ocupação territorial e a integração econômica na região Centro-Oeste do Brasil.
De fato concreto, pode-se afirmar que as riquezas do Pantanal – genuinamente naturais - conquistaram Wolff Klabin, pois ele se envolveu diretamente com a “The Miranda Estancia Company Limited”.
O encantamento chegou ao príncipe Harry, que prometeu - à "sua família brasileira" - que voltará um dia.
Correiodoestado