Peça teatral indígena retrata violência, orgulho e comove público do festival
Ao entrar em cena, travestida de uma índia-mendiga que vagueia pelas ruas de Amambai, cidade fronteiriça de Mato Grosso do Sul com a segunda maior população indígena guarani-kaiowá, a atriz Alexandra Tavares se desnuda de sua cor branca e encara o público questionando as atrocidades praticadas contra o índio da sua região e do Brasil.
É o primeiro impacto da peça teatral “Gritaram-me Bugra!”, encenada na tarde de sexta-feira na Praça da Liberdade, surpreendendo o público do Festival de Inverno de Bonito com a profundidade do diálogo e mensagens que trazem à tona a violência contra os indígenas brasileiros e a dramatização dos jovens atores, com expressões de revolta e orgulho de ser quem é. A expressão das pessoas era de perplexidade e muitas se emocionaram.
A peça encenada pelo Grupo de Teatro Liberdade PKR Pa’i Kuana Rendy (Raio do Sol), da Aldeia Amambai, foi produzida em 2019 e narra a história de uma índia à margem da sociedade que, em seu anseio de revolta, se manifesta num misto de orgulho e tristeza de ser chamada de bugra – expressão que espelha uma realidade crua, a discriminação dos povos originários.
CGNews
domingo, 28 de agosto de 2022