China simula navios de guerra dos EUA como treino para futuros confrontos
Os militares chineses construíram alvos na forma de porta-aviões e destróieres da Marinha dos EUA no deserto de Taklamakan, em um deserto no noroeste da China, como uma simulação de um futuro confronto entre as duas grandes potências.
As imagens das maquetes foram capturadas neste domingo pelo satélite da empresa americana Maxar Technologies, que destacam os contornos de um porta-aviões fictício e de pelo menos um contratorpedeiro em uma ferrovia. Nos últimos anos, a China vem aprimorando suas forças armadas, um fator que está gerando uma preocupação crescente para o governo Biden, além da escalada de tensões geopolíticas em Taiwan e na região do mar do sul da China.
O Instituto Naval dos EUA declarou que as maquetes dos navios americanos faziam parte de uma nova gama de alvos desenvolvida pelo Exército de Libertação do Povo. E a partir das imagens, identificou características no destruidor, incluindo funis e sistemas de armas.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, disse em uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira que não tinha informações sobre as imagens. "Não estou ciente desta situação", disse Wenbin
A tática militar da China teve como objetivo o combate às forças navais dos EUA e de outros países. Envolvendo o desenvolvimento de mísseis lançados por terra, mar e ar para repelir e, possivelmente, afundar navios adversários, incluindo o míssil balístico DF-21D baseado em terra, conhecido como "destruidor de porta-aviões".
Nos últimos meses, a China também chamou a atenção pelo aumento dos seus voos militares no sudoeste de Taiwan, nação insular autônoma que está sendo ameaçada por Pequim, que deseja anexá-la ao seu território à força. O governo americano fornece a Taiwan grande parte de seu armamento para garantir a defesa da ilha e demonstra grande preocupação com as intimidações chinesas.
Rivalidades entre duas potências
As imagens de porta-aviões americanos fictícios surgem em meio a preocupações crescentes sobre a possibilidade de um conflito militar entre as duas maiores economias do mundo, que estão em desacordo por causa de uma longa lista de divergências políticas e econômicas.
O Pentágono divulgou neste mês um relatório afirmando que a China está expandindo sua força nuclear muito mais rápido do que as autoridades americanas esperavam. O documento apontou também que esse fortalecimento pode ser uma estratégia do rival asiático de igualar ou ultrapassar o poder global dos EUA.
Por outro lado, oficiais de defesa dos EUA se mostram cada vez mais desconfiados das intenções da China, principalmente no que diz respeito a Taiwan.
"A evolução do Exército de Libertação Popular continua a fortalecer a capacidade [da China] de 'lutar e vencer guerras' contra um 'inimigo forte' - um provável eufemismo para os Estados Unidos", disse o relatório do Pentágono.
A marinha e a guarda costeira da China também estão lançando novos navios em um ritmo recorde, concentrando-os no Mar do Sul da China, a hidrovia estratégica que o país reivindica.
Embora a Marinha dos Estados Unidos permaneça dominante, seus recursos são divididos entre o Indo-Pacífico, o Golfo Pérsico, o Mediterrâneo e outras regiões onde residem os interesses americanos.
O recente teste da China com uma arma hipersônica capaz de orbitar parcialmente a Terra antes de reentrar na atmosfera e deslizar em um caminho manobrável até seu alvo também surpreendeu os principais líderes militares dos EUA. O governo chinês declarou que estava testando um veículo espacial reutilizável, não um míssil, mas o projeto do sistema de armas foi elaborado para escapar das defesas antimísseis dos EUA.
O general Mark Milley, chefe de Estado-Maior dos EUA, afirmou no último mês que o teste estava próximo de ser um "momento Sputnik", semelhante às tensões provocadas pelo lançamento, em 1957, pela União Soviética do primeiro satélite espacial do mundo.
segunda-feira, 8 de novembro de 2021