Eleições 2022: Mato Grosso do Sul tem sete dilemas
Faltando menos de um ano para o primeiro turno, as eleições de 2022 contam com sete dilemas, que vão definir o futuro da política regional, e dois pré-candidatos em campanha para o Governo. Cinco decisões podem bagunçar a disputa pela sucessão de Reinaldo Azambuja (PSDB), que já conta com três nomes confirmados: o ex-governador André Puccinelli (MDB), o secretário estadual de Infraestrutura, Eduardo Riedel, e o ex-vereador Vinícius Siqueira (PROS).
O primeiro grande dilema é vivido pelo prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD). Ele tem até abril para decidir se renuncia ao restante do mandato, dois anos e nove meses para ser o candidato a governador do grupo. Ele já sinalizou que não tem medo de tomar a decisão, mas vai orar para que “Deus lhe oriente”.
Devida à pandemia da covid-19, o prefeito não conseguiu implementar a gestão de grandes obras emblemáticas na Capital. Caso continue na prefeitura, Marquinhos poderá concluir o Reviva Centro, denominação do megaprojeto de revitalização da região central, a repaginada na Avenida Ernesto Geisel e no antigo Terminal Rodoviário de Campo Grande, capacitando-se para a disputa em 2026.
Marquinhos deixaria no comando da prefeitura a vice-prefeita Adriane Lopes (Patri), esposa do deputado estadual Lídio Lopes (Patri). Se o prefeito não topar a disputa, o PSD ficará sem candidato e deverá apoiar à candidatura do tucano Eduardo Riedel.
O segundo dilema é da deputada federal Rose Modesto (PSDB), que monta um ousado jogo de xadrez político para disputar o Governo. Ela pode se filiar ao Podemos, onde já conta com o apoio explícito do atual presidente regional, Sérgio Murilo. A professora também poderá se filiar a outro partido, como o PSL, em vias de fusão com o DEM, ou ao Progressistas, do presidente da Câmara, Arthur Lira.
Rose tem a opção de disputar o Senado na chapa de Puccinelli, com quem tem se reunido com frequência. Em entrevistas recentes, o emedebista a colocou como opção para disputar a vaga de Simone Tebet (MDB). Enquanto monta a estrutura para disputar o Governo, ela se mantém no PSDB e não perde os cerca de 150 cargos na administração tucana.
O terceiro dilema é vivido pela ministra da Agricultura e Pecuária, Tereza Cristina (DEM), que vem percorrendo o Estado como pré-candidata a senadora. Aliados a querem na disputa do Governo. Ela é apontada como opção para garantir palanque forte para Jair Bolsonaro (sem partido) em Mato Grosso do Sul.
Além da dúvida sobre o cargo na chapa majoritária, Tereza Cristina tem outro dilema, se permanece no Democratas ou acompanha Bolsonaro no novo partido. O presidente estuda se filiar ao PTB ou Progressistas. A União Brasil, a ser formada a partir da fusão do DEM-PSL, terá o maior tempo no horário eleitoral e um polpudo caixa para investir nos candidatos em 2022. A ministra pode desistir da mudança de sigla para usufruir dos benefícios da fusão.
No primeiro mandato, a senadora Soraya Thronicke (PSL) é cotada para assumir a presidência da União Brasil em MS. Ela também deve decidir até novembro se vai disputar o Governo. A outra opção seria filiar Rose Modesto para lança-la como candidata a governadora.
O ex-governador Zeca do PT desistiu de desistir da política após o retorno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele anunciou que poderá voltar a disputar o Governo pela 4ª vez para ajudar o petista na disputa presidencial.
Deputado estadual, vereador da Capital, deputado federal e governador por dois mandatos, Zeca pode trocar a disputa de governador por uma vaga quase certa na Assembleia Legislativa. Neste caso, o PT poderá optar por cumprir tabela, lançando o ex-prefeito de Mundo Novo, Humberto Amaducci.
Reinaldo tem avaliado se troca uma disputa arriscada no Senado por uma vaga praticamente assegurada na Câmara dos Deputados. A estratégia é manter o foro privilegiado. O presidente regional do PSDB e atual chefe da Casa Civil, Sérgio de Paula, já admitiu publicamente que o governador deverá renunciar ao mandato em abril para disputar a vaga de deputado federal. Com a eleição, Reinaldo não repete os erros de Zeca e André, de ficar no sereno e a mercê de um juiz de primeira instância.
O sétimo dilema é do procurador de Justiça, Sérgio Harfouche, que acabou sofrendo duro golpe da Justiça Eleitoral no ano passado. Como o Tribunal Regional Eleitoral não aceitou sua candidatura a prefeito sem renúncia do cargo, ele deverá decidir se entra de vez na política ou continua no Ministério Público.
Caso decida entrar na política, Harfouche poderá voltar a disputar o Senado ou até mesmo o Governo. Como não há favoritos na disputa de Reinaldo, o procurador pode se arriscar a disputar o mais alto cargo no Estado.
O cenário da sucessão estadual não há favoritos. Todos os pré-candidatos possuem chances de chegar ao segundo turno. Na última eleição, Reinaldo era o favorito e acabou reeleito no segundo turno, mesmo após ser alvo de operação de combate à corrupção da Polícia Federal.
Em 2014, o favorito era Delcídio do Amaral, mas acabou perdendo para o tucano a aliança entre os dois ser desfeita pelas direções nacionais do PT e do PSDB. Em 2010, André Puccinelli era o favorito e ganhou no primeiro turno apesar da Operação Uragano, na qual foi acusado de receber mensalão de R$ 2 milhões.
Em 2006, Puccinelli foi para a disputa como favorito e ganhou no primeiro turno. Em 2002, Zeca do PT era favorito após a desistência de André, mas levou um suador para ganhar de Marisa Serrano (PSDB) no segundo turno.
Em 1998, o favorito era Pedro Pedrossian, que acabou fora do segundo turno. Ricardo Bacha (PSDB) perdeu para Zeca. Em 1994, Wilson Barbosa Martins sustentou o favoritismo desde o início, o mesmo ocorrendo com Pedro Pedrossian em 1990.
DiarioMSNews
quinta-feira, 14 de outubro de 2021