Pantanal caminha a passos lentos para se recuperar de maior devastação da história
O Pantanal sul-mato-grossense vai caminhando a passos lentos para tentar, ao menos, recuperar um pouco do que foi perdido no ano de 2020. A fauna e a flora foram severamente castigadas com a queimada, que virou notícia no mundo todo e foi considerada a maior já registrada desde 1998. Aproximadamente 20% do bioma foi destruído.
Centenas de animais foram mortos pelos incêndios e todo o verde rodeado de água deram vista para um lugar seco, com clima de deserto e um tom acinzentado.
Na última semana, o UOL noticiou que a flora deu indicativos de recuperação após algumas vegetações darem sinal de vida, porém, biólogos disseram que não há nada para se comemorar, já que os danos para a fauna e a flora são incalculáveis.
"Muitas espécies da flora e da fauna vão demorar para voltar. Quando acontece uma tragédia dessas proporções, todo mundo paga a conta: os ribeirinhos, os pantaneiros que perderam áreas de pastagem e áreas de cultura", afirmou o pesquisador Nilson de Barros, presidente da Sociedade de Defesa do Pantanal em entrevista ao UOL.
A fauna e a flora interagem no Pantanal. Do lado dos animais, o brilho foi perdido com a morte de centenas de animais, entre onças, capivaras e cobras, mas a devastação da flora, como árvores e plantas levaram aves como araras e tuiuiús a se refugiarem longe do seu habitat, enfrentando um novo problema para sobreviver.
A Serra do Amolar, umas das regiões mais afetadas em solo sul-mato-grossense, ainda sofre com a falta de recuperação do verde e do solo para que os animais que fugiram para a Bolívia ou outras regiões, possam voltar ao seu habitat.
Consequências a curto e longo prazo
As consequências imediatas já conhecidas são a devastação do verde e das mortes dos animais, provocando um desequilíbrio no bioma pantaneiro. A saída de seu habitat ocasionam numa série de efeitos como cansaço, fome e limite corporal. A morte dos animais é considerada a mais grave por desequilibrar a cadeia alimentar.
Por outro lado, a longo prazo, o ecossistema deve ter uma recuperação lenta e prejudicada. Com a perda das árvores, a poluição acaba sendo a principal ameaça e as cidades próximas às queimadas, além disso, os ribeirinhos que sobrevivem das atividades no Pantanal acabam prejudicados.
Pior ano
Conforme levantamento do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o ano de 2020 foi considerado o mais cruel pela quantidade de focos de incêndios que foram registrados no Pantanal.
Na série histórica, já que o INPE passou a levantar dados desde 1998, o ano passado registrou mais de 22 mil focos de incêndio, com detalhe para o mês de setembro, que foi o mais devastador, tendo 8.106 focos ativos na região do principal bioma do Mato Grosso do Sul.
A estimativa é que pelo menos 4 milhões de hectares do pantanal tenham sido devastados com o progresso dos incêndios nos meses passados. Desta área, mais de 1,9 milhão foi em Mato Grosso do Sul.
sexta-feira, 22 de janeiro de 2021