Políticos do MS concordam em reduzir o próprio salário para financiar extensão do auxílio emergencial
Em meio a discussões sobre possíveis formas de financiar uma extensão do auxílio emergencial de R$ 600 para conter os efeitos da pandemia de coronavírus na economia, políticos sul-mato-grossenses ouvidos pelo Jornal Midiamax concordaram com a sugestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de reduzir os próprios salários para cobrir as despesas oriundas do plano econômico.
Nessa terça-feira (9), Bolsonaro disse que o governo estima duas novas parcelas do auxílio emergencial no valor de R$ 300, mas que está disposto a aumentar o montante caso os parlamentares aceitem diminuir os próprios salários como compensação. A ideia foi defendida pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ele ponderou, no entanto, que mesmo com a medida, as contas não fechariam.
“Acho que a conta está um pouco distante, o custo de dois meses [de auxílio] são R$ 100 bilhões, o custo anual dos salários dos parlamentares são R$ 220 milhões bruto”, esclareceu Maia, em coletiva de imprensa.Entre os deputados federais que representam o MS, Dagoberto Nogueira (PDT) e Rose Modesto (PSDB) disseram que aceitariam a redução dos próprios salários como forma de compensar os gastos do governo, mas observaram que é preciso focar na atuação dos bancos no que se refere à concessão de crédito para micro e pequenos empresários atingidos pela crise.
“As medidas tem de ser para todo mundo, e o Brasil está numa situação difícil. Não sou contra”, disse Dagoberto sobre a possibilidade de ganhar menos. O deputado lembrou que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do país no começo do ano não foi pior justamente por conta do auxílio, que garantiu uma dinamização da economia em tempos de crise.
Dagoberto ainda criticou a postura de Bolsonaro diante da pandemia e disse que o País vive um momento em que seu presidente descredibiliza a própria nação ao deixar claro que “não entende de economia”, favorecendo os mais ricos em detrimento dos mais pobres. “Os primeiros a serem salvos foram os bancos… o governo oferece dinheiro barato aos bancos, que cobram empréstimos a juros exorbitantes dos mais pobres”, disse.
A deputada Rose disse que o corte do salários pode ser uma boa medida para financiar uma extensão do auxílio emergencial, uma vez que os efeitos da pandemia devem se estender para além do pico de contaminação. “O Brasil precisa ter um projeto econômico pensando nesse momento, cada um tem que dar um parcela da contribuição”, disse.
Rose rejeitou, contudo, a ideia de aumentar impostos dos mais ricos para financiar as despesas do governo com a crise, como o que está sendo discutido em países como a Argentina, por exemplo. “Acho que esse não é o caminho… ninguém aguenta mais taxação”, disse a deputada, sem responder sobre como a conta poderia ser fechada. Rose defende que a atuação dos bancos na distribuição do crédito deve ser observada de perto, uma vez que há resistência de certas instituições em emprestar dinheiro a alguns empreendedores afetados pela pandemia.
Entre os deputados estaduais, o líder do governo na Câmara, Gerson Claro (PP) afirmou que apoia a ideia de reduzir o próprio pagamento, desde que a medida “obedeça a Constituição Federal”. Já o deputado Lucas de Lima (SD), disse que não só o Legislativo, mas também o Poder Judiciário, deve dar sua parcela de contribuição. “Todo servidor que recebe altos salários pagos pelo povo deveriam se sensibilizar neste momento e ajudar a população”.
Cabo Almi, do PT, também se disse favorável ao corte dos salários dos parlamentares, afirmando que, caso a medida seja aprovada em Brasília, “não podemos nem discutir aqui e precisamos referendar”.
domingo, 14 de junho de 2020