Janela pós-pandemia deve ter pouco dinheiro, menos negócios e muitas trocas
O Real Madrid sonha com a contratação de Paul Pogba. Mas a oferta pelo meio-campista, de acordo com o tabloide inglês "The Sun", não está cheia de zeros. Para ter o francês a partir da próxima temporada, o clube espanhol ofereceu quatro jogadores ao Manchester United: James Rodríguez, Lucas Vázquez, Brahim Díaz e Martin Ödegaard.
A transação acima pode até não se concretizar, mas resume bem como deve ser a cara do Mercado da Bola depois da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). A proliferação do vírus paralisou a maioria dos principais campeonatos nacionais da Europa por períodos que variam entre dois e três meses. Algumas ligas, como a francesa e a holandesa, simplesmente cancelaram a temporada e só vão retomar as atividades no segundo semestre.
Os prejuízos financeiros foram enormes. Um estudo da consultoria KPMG indica que as perdas dos clubes da primeira divisão dos cinco países mais poderosos do futebol do Velho Continente (Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França) podem chegar à casa dos 4 bilhões de euros (R$ 24,2 bilhões).
Com menos dinheiro nos caixas, negócios milionários serão raros nas próximas janelas de transferências. O recorde de 222 milhões de euros (R$ 1,3 bilhão, na cotação atual) da ida de Neymar para o Paris Saint-Germain não deve ser batido por mais alguns pares de anos.
E negócios que ultrapassam os 100 milhões de euros (R$ 605 milhões), que vinham se tornando cada vez mais frequentes (foram três no verão europeu de 2019), serão aquelas exceções para serem vistas muito de vez de quando.
Nesse cenário, a solução para reforçar os elencos será tirar jogadores de clubes em situação financeira ainda mais críticas (portanto disposto a fazerem uns precinhos camaradas) e apelar pesado para a política de trocas.
A possível ida de Pogba para o Real Madrid não é um caso isolado. O Barcelona quer tirar Lautaro Martínez da Inter de Milão e, segundo a "Gazzetta dello Sport", mandou uma lista com cinco nomes (Samuel Umtiti, Junior Firpo, Nelson Semedo, Ivan Rakitic e Arturo Vidal) que os italianos poderiam escolher para abater o valor da transação. Vidal, de acordo com a própria "Gazzetta", ainda pode ser usado como moeda de troca em outra negociação desejada pelo Barça: a contratação do meia bósnio Miralem Pjanic, atualmente na Juventus.
Mas, apesar da política de trocas e dos pesados descontos nos preços dos jogadores, a tendência é que a próxima janela de transferência tenha um volume bem menor de mudanças de clube do que nos últimos anos.
E isso tem uma explicação muito óbvia. Jogadores com contrato em vigor pensarão duas vezes antes de saírem para uma outra equipe porque dificilmente conseguirão acordos com salário superior ao que ganham atualmente.
Por isso, o natural é que só aceitem mudar de clube atletas que "subam" para times maiores, que não sejam tão bem valorizados assim nos times onde já estão ou que viram seus contratos chegarem ao fim.
Ainda não há uma definição clara sobre quando será a próxima janela de transferências na Europa. Como cada país está seguindo um calendário próprio para o cumprimento da atual temporada e o início da seguinte, a tendência é que ela seja bastante fragmentada.
O Mercado da Bola de junho/julho/agosto de 2019 foi o maior da história do futebol e movimentou cerca de 7 bilhões de euros (R$ 42,2 bilhões). Neste ano, dificilmente se chegará perto disso.
UOL