segunda-feira, 2 de outubro de 2017
RIOVERDEMS | Por PORTAL RIOVERDE NOTICIAS
Rioverdense Thais Fruguli a jovem boiadeira de comitiva que segue os passos do pai.
Desde muito cedo, a vida ensinou à rio-verdense, Thais
Fruguli dos Santos, a dedicação necessária para que o trabalho com gado, se
transformasse numa verdadeira paixão para ela. Acordar cedo, arrumar a traia e viajar
dias e dias num cavalo, com a comitiva em viagens pelo estradão foram tarefas
abraçadas pela jovem Thais. Em sua mala, ela conta que leva rede, mosquiteiro, coberta, roupa e a certeza que amanhã bem cedo estará rumo a outro lugar.
Thais Fruguli dos Santos, 24 anos, nasceu em Rio Verde,
filha de Juares Balbino dos Santos e Maria de Fatima da Silva Fruguli dos Santos
e já sabia que a lida na comitiva não era nada comum para mulheres, mas ao lado
do pai, o condutor Juares, há 21 anos na lida, ela sempre encontrou a segurança
que precisava.
Thais, nos conta com sorriso que sua primeira viajem foi
em 12 de dezembro de 2012. “Me lembro bem da data porque foi quando saiu aquele
boato que o mundo iria acabar... kkkk’ , sorri ela ao final.
Ela nos conta que já viajou longas distâncias a cavalo,
como culatreira, que vai à retaguarda da boiada levando de volta as rezes
desgarradas, conduzindo a boiada pelo estradão. A viajem mais longa que ela participou
foi de 22 dias, uma ponta com 400 cabeças de gado e outra de 300 cabeças.
“Sou neta de pantaneiro, sempre convivi com a lida de
campo e eu faço isso com amor, com paixão”, diz Thais. Única mulher entre
muitos homens, ela conta que a abordagem era muito curiosa. “Os peões sempre me
trataram com respeito e achavam muito interessante, pois era difícil mulher em
comitiva.
A lida diária no campo sempre foi vista por Thais como um
prazer, e nunca como obrigação. “trabalhava naquilo com gosto, com garra mesmo.
Tinha dia que eu não tinha vontade nem de estudar, eu tinha vontade só de mexer
com gado. É paixão mesmo, tanto que até hoje eu mexo com comitiva."
A conduta séria do pai, que muitas vezes chegava a ficar
até 40 dias fora de casa conduzindo grandes rebanhos pelo país, marca o
respeito que tem . Meu pai tem verdadeira paixão em mexer com boi. Eu herdei
isso dele.” Disse ela.
COMITIVA
A vida desses “peões de boiadeiro” nas estradas rurais,
conhecidas como “estradões”, segue uma rígida rotina de trabalho sujeita a todo
tipo de surpresa e improviso.
Os peões de fazendas transportam várias boiadas até os
pastos úmidos do Pantanal. A comitiva é formada pelo ponteiro, peão experiente
e conhecedor das estradas, que vai à frente tocando o berrante, nos momentos
apropriados, para atrair, estimular a marcha ou acalmar o gado e dar sinais
para os demais peões; pelos rebatedores, peões que cercam o gado, impedindo que
se espalhem e pelos culatreiros que vão à retaguarda da boiada levando de volta
as rezes desgarradas. Os peões da “culatra manca” ficam para trás tocando os
bois que têm problemas para acompanhar a marcha da boiada, por cansaço,
ferimento ou doença. O cozinheiro sai mais cedo que os demais integrantes da
comitiva, conduzindo os burros cargueiros com suas bruacas, nas quais leva os
mantimentos e tralhas de cozinha, até encontrar um rio em cuja margem prepara a
refeição, ou seja, “queimar o alho”.
Nas paradas, os peões matam a sede, com tereré, e a fome
com arroz de carreteiro, feijão gordo, paçoca de carne feita no pilão e carne
assada no “folhão” (chapa). No dia seguinte, o berranteiro avisa que é hora de
comer poeira na estrada. Os animais terão que atravessar vários obstáculos. Nas
paradas, o descanso acontece no pasto, de preferência perto de água. Nos dias
seguintes, a aventura continua até chegar ao destino.
segunda-feira, 2 de outubro de 2017