segunda-feira, 3 de julho de 2017
RIOVERDEMS | Por PORTAL RIOVERDE NOTICIAS
Cidade de MS retira 'jacarés amigos' de lagoa turística em área urbana
Uma criança ao lado da mãe é vista na internet segurando a cauda de um jacaré gigantesco. Outro homem dá pão ao animal e um terceiro faz uma foto puxando o rabo do réptil e também publica o encontro nas redes sociais.
A amizade perigosa entre os moradores de Três Lagoas (a 338 km de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul) e os jacarés que vivem livremente na Lagoa Maior, um ponto turístico da cidade, forçou a prefeitura a montar uma operação de emergência para inibir o convívio dos três-lagoenses com os bichos.
Além do espelho d'água, a lagoa serve à prática de esportes e lazer a céu aberto. Tem no seu entorno uma academia popular e mais uma pista de 2.600 metros para caminhada. Sempre reúne muita gente aos finais de semana.
Ninguém sabe ao certo como os jacarés-de-papo-amarelo surgiram ali. Vistos com mais frequência de seis anos para cá, viraram uma atração natural pela forma como cruzavam as ruas do entorno da lagoa e ficavam bem próximos da população da cidade, de 115 mil habitantes.
Nem as placas que alertavam os moradores a manterem distância dos animais surtiram efeito. E daí surgiu um temor: quem seria responsabilizado caso os bichos resolvessem "perder a amizade" e agir como um animal selvagem? Nenhum ataque foi registrado antes da ação, mas a prefeitura não quis correr mais riscos, disse Celso Yamaguti, secretário de meio ambiente e agronegócio.
"A gente viu cada vez mais os pais colocando os filhos de forma irresponsável perto deles. Isso nos preocupou porque os jacarés ficavam estressados e podiam, claro, atacar", disse Yamaguti.
Foram capturados os maiores jacarés, os mesmos que ficavam na mira da população pelo tamanho. A operação terminou na última quinta (29) com a retirada de três exemplares —todos machos, um deles chegava a medir 2,44 metros e pesava 80 kg. A retirada foi coordenada por uma especialista da unidade Pantanal da Embrapa (Empresa Brasileira Agropecuária).
Os animais foram levados para a Reserva Particular do Patrimônio Natural de Cisalpina, que fica na cidade de Brasilândia, também em Mato Grosso do Sul.
O novo lar dos jacarés-de-papo-amarelo é alagadiço e possui muita comida. Dois deles receberam chips e serão monitorados pela Embrapa. "Eles acabaram com os patos que viviam na lagoa", afirmou o secretário.
CONTROLE
O problema, no entanto, não foi resolvido por completo. Cerca de 12 jacarés da mesma espécie seguem no local, segundo censo realizado pela própria prefeitura. Eles foram mantidos porque ainda são pequenos. "Sabemos que eles estão se reproduzindo e, agora, precisamos controlar essa população", disse Yamaguti.
Para atacar a multiplicação dos animais, a atual gestão municipal planeja firmar parcerias com órgãos ambientais para fazer sucessivas capturas antes de os jacarés atingirem porte adulto. A prefeitura afirma que vai centrar fogo em campanhas para alertar a população sobre a necessidade de se manter uma distância segura em relação aos bichos.
Também foi discutida a possibilidade de cercar a lagoa. "Mas os animais ficariam confinados, sem espaço. Não queremos um zoológico", disse.
Agora, além dos répteis, a administração local terá que lidar com a superpopulação de um tipo de mamífero que tomou conta das águas da Lagoa Maior. Hoje, também circulam pelo lugar 160 capivaras, entre adultos e filhotes.
segunda-feira, 3 de julho de 2017