sexta-feira, 19 de maio de 2017
RIOVERDEMS | Por PORTAL RIOVERDE NOTICIAS
Dono da JBS diz que 'esquema' implica Zeca, André e Reinaldo na Lava Jato
Os três últimos governadores de Mato Grosso do Sul, Zeca do PT, André Puccinelli (PMDB) e Reinaldo Azambuja (PSDB) estão oficialmente implicados nas investigações da Lava Jato. Em depoimento oficial para o acordo de delação premiada, um dos donos da JBS, Wesley Batista, revelou suposto esquema de corrupção envolvendo pagamento de propinas em troca de isenção fiscal para a empresa.
Um dos capítulos da delação de Wesley se refere unicamente a Mato Grosso do Sul. No depoimento, prestado em 4 de maio de 2017 aos membros da Procuradoria-Geral da República Fernando Antonio Oliveira e Sergio Bruno Fernandes, Wesley revelou que funcionaria em MS um esquema de pagamento de propina em troca de redução da alíquota de ICMS (Imposto sobre Circulacao de Mercadorias e Serviços).
O sistema de distribuição de propinas funcionaria desde o governo de Zeca do PT, passando pela gestão de André Puccinelli (PMDB) e ainda em voga na administração de Reinaldo Azambuja (PSDB).
“Mato Grosso do Sul é um esquema de benefícios fiscais para redução da alíquota do ICMS. Esse esquema começou quando o Zeca do PT foi eleito”, revelou Wesley em delação gravada no último dia 4 de maio, e cujo conteúdo deixou de ser sigiloso hoje por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal). O conteúdo das revelações de Wesley e Joesley Batista já foi homologado pelo ministro Luiz Edson Fachin.
Confira o depoimento:
No termo de declaração, Wesley Batista revela que o suposto esquema de pagamento de propina em troca de incentivos fiscais em Mato Grosso do Sul começou no governo Zeca do PT e esteve vigente até o final do ano passado, já na gestão de Reinaldo Azambuja (PSDB). Em espécie, Puccinelli teria recebido R$ 30 milhões, e levado mais R$ 60 milhões via ‘doleiro’.
Wesley revela na delação que que o esquema era operado por Joesley na época do governo Zeca, que cobrava 20% do valor do benefício de redução do ICMS, tendo como contrapartida o pagamento de propina. “Como este fato é de 2003, não temos mais o registro de quanto foi pago, nem a forma como foi pago”, diz.
Entretanto, o empresário cita que em 2010, enquanto candidato a deputado, Zeca teria pego R$ 3 milhões de Joesley para campanha, sendo R$ 1 milhão em doação oficial e R$ 2 milhões em espécie, no escritório da empresa em São Paulo.
'Notas Frias'
Segundo o delator, o esquema passou entre os governos, mas Puccinelli teria dois operadores: o Ivanildo Miranda, que concedia ‘notas frias’ por ser produtor rural e ter bois e André Luiz Cance, já no fim, da gestão de André. O atual governador Reinaldo Azambuja (PSDB) seria o próprio operador do esquema.
“Foram pagos por várias modalidades: notas frias, notas fiscais, doleiros e a terceiros no período do Puccinelli”. O delator apresentou uma tabela com as doações, mas apenas algumas empresas são citadas no áudio, como R$ 5 milhões ao Ivanildo, R$ 9,5 milhões para a Proteco Construções, R$ 980 mil para a Gráfica do Mirched Jafar, MP Produções Cinematográficas, Art Propaganda, Ibope Pesquisa e Consultoria (com nota de R$ 2,8 milhões), Amapil Táxi Aéreo, Instituto Ícone, cujo filho de Puccinelli é sócio, de R$ 1,2 milhão e R$ 2,9 milhões para Gráfica Alvorada.
Na gestão de Reinaldo Azambuja, Wesley diz que Reinaldo é o próprio operador e que teria recebido o delator na Governadoria para dar notas frias em troca de isenção de ICMS as empresas do JBS. “Mesma coisa. Eram incentivos fiscais para redução de ICMS. Vários incentivos eram legítimos, mas alguns dos termos não foram cumpridos para simplesmente reduzir os pagamentos e, em que pé que os investimentos eram legítimos, tinha que conseguir o termo de acordo e tinha que pagar, senão não conseguia”.
Wesley detalha uma nota de R$ 2,9 milhões da empresa Buriti e outros R$ 10 milhões em espécie. “O pagamento em espécie de R$ 10 milhões foi tratado diretamente comigo. O Boni foi ao palácio do governo lá em Campo Grande e pegou em mãos as notas frias e processou o pagamento”, diz.
Midiamaxnews
sexta-feira, 19 de maio de 2017
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