quarta-feira, 22 de março de 2017
RIOVERDEMS | Por PORTAL RIOVERDE NOTICIAS
Aurora sofre os reflexos da Operação Carne Fraca
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Que a Polícia Federal poderia ter compartilhado com o Ministério da Agricultura os indícios de fraude no setor de carnes, provocado por 21 unidades frigoríficas em operação no Brasil, num universo de cinco mil, disso ninguém discorda. Algumas informações apuradas teriam sido confrontadas com a opinião de técnicos no setor. Isso faria com que a Operação Carne Fraca, mostrasse que apenas algumas unidades estão supostamente contaminadas pela corrupção, não o setor inteiro, prejudicando o agronegócio nacional.
Agora, colocar a culpa na Polícia Federal, é querer desviar o foco. Ninguém pode negar que as investigações pegam em cheio, 21 plantas pertencentes a empresas como a BRF(Sadia/Perdigão), Seara, JBS entre outras, além de 33 servidores do Ministério da Agricultura, de um total de 11 mil. São eles, essa minoria, que deve explicar e ser criticada por terem, se confirmado, de uma forma irresponsável e criminosa, provocado uma sensação de insegurança alimentar que nos causará um prejuízo incalculável. Por isso, vamos com calma, pois, a PF simplesmente cumpriu com o seu dever. Agora, o mercado brasileiro precisa pensar em estratégias, que renovem a confiança do consumidor nacional e internacional, sendo que diversos países compram a carne brasileira. Tudo o que não precisávamos era de uma situação como essa, quando a economia começa a dar sinais de recuperação, sobretudo devido aos números de setores como o agronegócio. Devemos sempre lembrar que não podemos errar, sobretudo por termos concorrentes ferrenhos, sendo que os americanos são os mais ferozes. Sim, é o país de Donald Trump, e com Obama não era diferente, que usa inclusive os seus serviços secretos para obter informações privilegiadas e ficar um passo a frente da concorrência. Tanto, que relatórios são colocados a disposição de empresários do país, informando de que forma podem se sobressair numa concorrência com empresas do exterior. Portanto, o que aconteceu apenas facilita o trabalho deles, e de outros países, pois, há anos sofremos com a tentativa estrangeira de reduzir a nossa exportação e o nosso “Market Share”, ou seja, a nossa participação no mercado internacional. Sem contar as tentativas de adquirir as nossas empresas e, de domínio do mercado brasileiro. Ou o Governo Federal e até mesmo de Santa Catarina, reage de forma pragmática, inclusive enviando missões aos países importadores. Ou veremos um baque sem precedentes na nossa economia.
Aurora analisa
Ontem o presidente da Coopercentral Aurora, Mário Lanznaster, me disse que a operação Carne Fraca começa a respingar por aqui. Acontece que alguns países restringiram a carne das empresas envolvidas no escândalo. Porém, a China, maior cliente da Aurora, que não tem nenhuma participação na suposta fraude, fechou as portas para a carne brasileira em sua totalidade. Isso quer dizer, que 27 contêineres estão parados neste exato momento, no porto Guangzhou Goza, sem autorização para serem descarregados. Lanznaster está preocupado, pois, além de não conseguir liberar a carga, ainda tem o prejuízo com o custo do navio que seguirá parado até a liberação. Portanto, a irresponsabilidade de alguns, começa a nos atingir.
Prejuízo regional
O presidente da Coopercentral Aurora, Mário Lanznaster, relatou ainda que é incalculável o prejuízo, caso a China não aceite abrir as portas para as carnes de suíno e aves que estão em seu porto. Enquanto você está lendo essa nota, 277 contêineres da Aurora estão em trânsito pelo oceano, indo para diversas partes do mundo. Lanznaster já prevê que tem países que vão receber, enquanto que outros não. Ainda hoje ele reunirá as cooperativas do sistema Aurora, para discutir a situação, além de outros temas em pauta. Mas caso a situação com os chineses se prolongue. Poderá ser anunciado no primeiro mês, férias coletivas, e a partir do segundo, uma série de demissões, sem contar o desalojamento em propriedades.
Queda no preço.
Mário Lanznaster já está em contato com o Governo Federal. Quer uma resposta para a situação que poderá se tornar uma crise sem precedentes. Ontem durante a nossa conversa, ele disse que somente a unidade da Aurora em Xaxim, produz 190 mil aves por dia, sendo que somente tem espaço para estocar por um dia. Com essa situação na China, a cooperativa não terá lugar para estocar, até porque, os asiáticos não aceitam carnes estocadas em portos. “Essa carne poderá acabar no mercado interno, fazendo com que haja uma sobra do produto e a queda nos preços da carne. O consumidor pagará bem menos, enquanto que a agroindústria terá um grande prejuízo”, prevê.
Sem crédito
Outra preocupação da direção da Coopercentral Aurora está relacionada aos bancos. Acontece que se a crise realmente se abater e atingir a região, a agroindústria poderá ter dificuldades até mesmo, de obter crédito junto aos bancos para comprar milho. “Se eles notarem que a situação vai apertar, não vão mais emprestar dinheiro. Como iremos comprar mais milho?”, questiona Mário Lanznaster.