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quarta-feira, 21 de outubro de 2015
RIOVERDEMS | Por PORTAL RIOVERDE NOTICIAS

Workshop de Gastronomia Pantaneira é destaque na Folha de São Paulo


O temporal, que agita árvores e bichos e anuncia a estação das chuvas, não é apenas uma atração do Pantanal entre novembro e março.
As águas também regem a vida, o movimento e a alimentação dos habitantes desse bioma, que se estende por 150 mil km². Para quem quer vivenciar o cotidiano pantaneiro, é possível se hospedar em fazendas de gado dedicadas também ao turismo –com workshops de cozinha, passeios e muita aventura.
Partindo de Campo Grande para os hotéis no Pantanal da Nhecolândia (a maior das 12 subregiões pantaneiras), a aventura se faz por terra. Veículos de tração são os únicos a enfrentar os caminhos móveis, desenhados pelas águas.
A imersão na cultura local começa com os bolichos, raras opções de parada: mercadinhos, em postos, que vendem de vestimentas a alimentos para as comitivas, grupos de peões que levam o gado por dias até os abatedouros.


Uma feira com itens das culturas indígenas locais e restaurantes regionais estão em Aquidauana (MS). Os mais famosos são o Casarão, que serve o típico pintado ao urucum (empanado, com molho de urucum e queijo caipira meia-cura), e O Amarelinho, à beira do rio Aquidauana, com seu popular caldo de piranha.
O tereré –erva-mate com água gelada, tomada na guampa, copo feito de chifre da rês (animal quadrúpede)–, recebe os visitantes no hotel Barra Mansa, fazenda a 250 km de Campo Grande e banhada pelo rio Negro.
Entre 30 de outubro e 3 de novembro, o hotel realiza o 3º Workshop de Gastronomia Pantaneira, em que os hóspedes prepararão comidas tradicionais da região sob o comando do chef sul-matogrossense Paulo Machado.
"A base da nossa cozinha são a carne de gado, que criamos desde o século 19, a mandioca e os pescados", ensina Machado, que cita as influências indígena e paraguaia.
O sabor defumado da carne bovina, resultado do uso de madeira angico no churrasco, abre a comitiva de pratos ensinados. A cabeça do boi, assada inteira na brasa por 12 horas, é uma iguaria de que desfruta o pantaneiro –e o hóspede-cozinheiro.
"Apreciamos os miolos, a bochecha e a língua", conta o chef. De carne forte e saborosa, a cabeça é item das carneadas, ritual de matança do boi e momento de festa.
FESTA NO INTERIOR
Entre os pratos de festa do workshop figuram a linguiça de Maracaju (feita com carne fresca do quarto traseiro do boi), mojica de pintado (guisado com mandioca), bolo de arroz (com queijo Nicola, de leite de vaca) e moqueca de jacaré, de carne delicada.
O porco-monteiro é uma especialidade do Baía das Pedras. "A raça, portuguesa, foi introduzida há dois séculos aqui e adaptou-se em liberdade", explica a proprietária do hotel, Rita Jurgielewicz.
No almoço, ela serve o sarrabulho, com vinho tinto e pimentões. Outras receitas, como arroz de carreteiro e sopa paraguaia (um bolo de milho salgado), forram o estômago de quem faz os passeios –caminhadas, cavalgadas, canoagem e safaris fotográficos em torno das águas da vazante do rio Castelo.
Ao sul da Nhecolândia, no Pantanal de Miranda, é quase certo dar de cara com onças-pintadas. Ao menos em algum ponto da Fazenda San Francisco. "Conciliamos a pecuária com o turismo e a conservação", diz a proprietária, Elizabeth Coelho.
À mesa, não faltam o substancioso quebra-torto (café da manhã com arroz de carreteiro e ovo frito) ou o caribéu, cozido à base de charque com mandioca, típico das viagens de comitiva.
Até lá, parar no posto Pioneiro pode render a compra de frutos do Cerrado (que dão na região) e cestos e potes no Centro da Cultura Terena.
Mas, em qualquer parte do Pantanal, apelidado pelo poeta Manoel de Barros (1916-2014) de "banquete de águas", é outra a atração que encerra o cotidiano: o pôr do sol.
A jornalista viajou a convite do hotel Barra Mansa e do Instituto Paulo Machado
quarta-feira, 21 de outubro de 2015

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