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terça-feira, 29 de outubro de 2013
RIOVERDEMS | Por PORTAL RIOVERDE NOTICIAS

Ele pilotou um avião solar por 24h. Agora quer dar a volta ao mundo


Um explorador munido de asas ecológicas. É essa a descrição mais próxima de Andre Borschberg, CEO da Solar Impulse e piloto do avião movido à energia solar fabricado pela empresa. Isso porque o suíço fez o primeiro vôo de 24h usando a tecnologia, cruzou os EUA a bordo da aeronave e, pra completar, planeja dar uma volta ao mundo pilotando o avião em 2015. Tudo isso em nome da exploração - não aquela dos tempos de Colombo e Pedro Álvares Cabral, mas da pesquisa e do teste de novas formas de energia. Adaptando Camões, voar é preciso. 

Aí entra o lado acadêmico do suíço. Afinal, Borschberg é engenheiro, formado pela Ecole Polytechnique Fédérale de Lausanne (EPFL) e testa, todos os dias, a aplicação da energia solar e também de novas tecnologias. “Acredito que fazer essas grandes jornadas é uma forma de estimular a reflexão sobre energia limpa”, conta. 

Em entrevista para a GALILEU, Borschberg explica quais são as aplicações das inovações que testa com a Solar Impulse, fala sobre a expectativa da viagem de 2015 e conta como é ficar longos períodos no mais silêncio absoluto, na mesma posição e sem poder ir ao banheiro:

O avião da Solar Impulse // Crédito: Divulgação
Como é voar no HB-SIA? Quais são as diferenças para o piloto? 

A primeira diferença é que precisamos começar a voar nas primeiras horas de sol, pela manhã. Então começamos o vôo com as baterias vazias. E é muito engraçado perceber que, quanto mais você voa, mais ‘combustível’ você tem. No fim do dia, sua bateria está cheia e você tem mais 12 horas de autonomia. E isso é muito estranho, quase surreal, para quem está acostumado com um avião convencional, que usa combustível. Outra diferença muito impactante é o barulho. Você não ouve o avião funcionando, então a sensação de paz e de contato com a natureza é incrível. 

Você chegou a ficar preocupado com alguma situação durante seus vôos, com baixos níveis de energia armazenada pela aeronave durante a noite? 

Não, como eu disse, as baterias tem uma grande autonomia. Atualmente conseguimos fazer cerca de 12 horas sem os raios solares, mas, para a próxima geração do avião, que usaremos na volta ao mundo em 2015, queremos aumentar esse período para 120h. Afinal, apesar de acompanhar previsões do tempo, nunca temos certeza absoluta do que vamos enfrentar.

E você precisou fazer algum tipo de preparação física para os vôos de longa distância? 

É claro que temos de ter um bom condicionamento. O piloto precisa estar bem o suficiente para ficar sentado em um espaço pequeno por longos períodos de tempo, podendo apenas esticar as pernas. No ar, faço pequenos movimentos com a barriga e com as pernas, que estimulam o corpo todo. Mas acho que, acima de tudo, é preciso ter um bom preparo mental. É um silêncio sepulcral lá em cima, você fica em um espaço bem limitado e você precisa ficar focado.

André Borschberg, com a roupa especial usada nas missões // Crédito: Divulgação
O quão pequena é a cabine, exatamente? 

Imagine estar sentado em uma mesa de jantar, com dois ‘vizinhos’ muito próximos. Você precisa controlar seu cotovelo para não bater neles e a cadeira não é o assento mais espaçoso do mundo. É mais ou menos como eu fico, só que meus vizinhos são os equipamentos do avião. 


Nessas condições, como você se alimenta? 

Deixamos tudo à mão, com garrafas de água próximas, assim como os lanches. 

E para ir ao banheiro? 

Digamos que eu decolo com duas garrafas grandes ao meu lado, uma cheia de água, na esquerda e uma vazia na direita. No fim do vôo é a da direita que está cheia, mas não exatamente de água… (risos) 

E o problema ‘número dois’? 

Parece engraçado, mas é realmente complicado. Até agora, a nossa técnica é parar de comer fibras durante os dias que antecedem o vôo. Assim, no ar, simplesmente não fazemos o número dois. Estamos pensando em alternativas melhores para a volta ao mundo.
Como estão as preparações para a volta ao mundo em 2015? 

Estamos fazendo testes de autonomia, precisamos ter a garantia que o avião poderá voar por uma semana. E também estamos melhorando a ergonomia do cockpit, para que eu possa sentar de forma mais confortável ou me deitar. Já estamos fazendo simulações de vôos pela rota também. 

Existe alguma parte rota que o preocupe mais? 

Não exatamente. Mas as partes mais arriscadas, com certeza, são as que sobrevoam o oceano, que são trechos longos e que não possibilitam um pouso de emergência. 

E quais são as maneiras com que vocês se preparam para um possível acidente? Há equipamento de segurança como em aviões convencionais? 

Ao contrário de aviões comuns, nós usamos paraquedas o tempo todo. O avião também é equipado com um bote salva-vidas. O negócio é que no caso de um pouso emergencial, se estivermos sobre a água o avião será perdido completamente. Temos que abandonar a nave e pular de pára-quedas. 

Por que? 

Por ser solar, o avião é carregado de eletricidade. Ao entrar em contato com a água, qualquer um que esteja dentro dele vai acabar levando um baita choque. 

Em seu vôo recente pelos Estados Unidos, você usou um Google Glass. Como foi a experiência? 


Foi bem interessante, porque marcou o início da nossa parceria com o Google. Nesse primeiro teste, usei o Glass para fazer um hangout direto do avião. Mas a ideia final é desenvolver aplicativos para o óculos que ajudem o piloto, mostrando informações sobre a rota, sobre o tempo, sobre a própria aeronave... 

Falando em parceria com as indústrias, que tipo de tecnologia usada no avião pode ser aproveitada não apenas para a aviação, mas em outros segmentos? 

Além das baterias solares, nossa tecnologia de isolamento. Temos que enfrentar uma enorme variação de temperatura, então as fibras que usamos no revestimento do avião já estão sendo aplicadas em carros e em refrigeradores. Recentemente, também entramos em contato com uma firma que irá reduzir o peso das nossas baterias em 20%, graças a novos eletrólitos. Em outras palavras, tudo o que fazemos no ar acaba chegando ao chão de uma forma diferente. 

Na sua opinião, algum dia vamos ter aviões solares fazendo vôos comerciais? 

Essa é uma previsão muito difícil de se fazer. Pense no início da aviação, pelos idos de 1900 e 1920. Aqueles caras eram exploradores, criando tecnologias surpreendentes que não tinham objetivos comerciais imediatos, mas que seriam aplicados anos depois. Encaro o que fazemos no Solar Impulse da mesma forma. Fazemos coisas incríveis com essas máquinas, mas esses feitos, agora, devem ser encarados como reflexões: o que é possível fazer com energia sustentável? Se um avião solar pode dar a volta ao mundo, significa que é uma fonte poderosa de energia, não? Isso estimulará pesquisas que poderão levar a aviões menos poluentes e eficientes. Não digo que será um veículo movido a energia solar. Ou outros veículos, outras tecnologias de necessidade humana. Mas o que importa agora para nós é mostrar que é possível fazer grandes jornadas pensando de forma ecológica, inspirando as pessoas e principalmente pesquisadores a pensar dessa forma, em alternativas.


terça-feira, 29 de outubro de 2013

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