quinta-feira, 17 de outubro de 2013
RIOVERDEMS | Por PORTAL RIOVERDE NOTICIAS
A jovem Malala conta sua incrível história
Veja
Malala Yousafzai recebeu prêmio em Haia em 6 de setembro (Bas Czerwinski/AFP) |
Reportagem de VEJA desta
semana mostra como a menina paquistanesa que desafiou os radicais islâmicos do
Talibã por querer estudar — quase pagando com a vida por isso — se tornou símbolo
da luta pela liberdade e pelos direitos da mulher. Agora, ela lança sua
biografia
Quando Malala Yousafzai nasceu, nenhum vizinho foi
dar os parabéns aos seus pais. Em regiões do Paquistão como o Vale do Swat,
onde ela vivia, só o nascimento de meninos é celebrado. Das meninas, espera-se
apenas que vivam quietinhas atrás das cortinas, cozinhem e tenham filhos —
preferencialmente antes dos 18 anos. “Malala” significa “tomada pela tristeza”.
Mas a primogênita dos Yousafzai driblou duas vezes o destino: escapou da
profecia do batismo e trocou as cortinas por onde deveria espreitar o mundo
pelo centro do palco. Aos 12 anos, para poder continuar indo à escola, desafiou
uma das mais cruéis e violentas milícias em ação, o fundamentalista Talibã. Aos
15, foi baleada na cabeça numa tentativa do grupo de silenciá-la. Malala
sobreviveu ao atentado e, aos 16 anos, tornou-se porta-voz mundial de uma causa
até há pouco quase obscura, entre outros motivos, por ter surgido em uma região
que já parecia ter problemas demais a tratar: os milhares de meninas no
Afeganistão e no Paquistão que, graças a uma interpretação do Islã eivada de ignorância
e ódio, são impedidas de ter acesso à educação e a um futuro melhor. Na
quinta-feira, Malala recebeu o prêmio Sakharov, dado pelo Parlamento Europeu.
Na sexta, concorreu ao Nobel da Paz como a mais jovem indicada na existência da
premiação. O livro Eu Sou Malala (Companhia
das Letras; 344 páginas; 34,50 reais, ou 24 reais na versão digital), a ser
lançado no Brasil neste mês, conta como essa história improvável e
extraordinária aconteceu.
Nele, Malala relata que cresceu em um lar
barulhento, lotado de tios, primos e agregados. As crianças jogavam críquete no
quintal, a mãe vivia na cozinha pilando açafrão e o pai passava a maior parte
do tempo fora de casa. Seria uma tradicional família paquistanesa, não fosse
por um detalhe. Ziauddin Yousafzai, pai de Malala, é professor e viu na filha —
curiosa e vivaz — sua aluna perfeita. Contrariando os hábitos locais, punha os
meninos para dormir e deixava a garota ficar na sala, ouvindo-o falar de
história e política. Ziauddin estimulou Malala a gostar de física e literatura
e a se indignar com as injustiças do mundo — apresentadas a ela em toda a sua
magnitude quando tinha 10 anos e o Talibã fez do Vale do Swat seu território.
Sob o governo paralelo da milícia fundamentalista, os homens foram obrigados a
deixar a barba crescer, as mulheres que saíam de casa desacompanhadas eram
açoitadas na rua e as escolas femininas receberam ordens de fechar as portas —
as que desobedeceram foram dinamitadas.
quinta-feira, 17 de outubro de 2013