Grupo com 206 profissionais de Cuba chega para trabalhar no Brasil.
g1
Médicos cubanos desembarcam em Brasília neste sábado. (Foto: Alexandro Martello/G1)
Chegaram a Brasília,
na noite deste sábado (24), 176 médicos cubanos que vão trabalhar no
Brasil pelo programa Mais Médicos. Os profissionais, contratados através
de um acordo entre o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana
de Saúde (Opas), fazem parte do grupo de 206 cubanos que chegaram no Recife no início da tarde.
Os cinco médicos cubanos que concederam entrevista adotaram um discurso
conciliador, disseram que estão no país para trabalhar junto com os
profissionais brasileiros, para ajudar à população e avaliaram que o
dinheiro não é o mais importante, ficando este em segundo plano.A médica cubana Jaiceo Pereira, de 32 anos, afirmou que, apesar da
idade, tem muita experiência em medicina: desde o quarto ano de formação
já trabalha com as famílias de Cuba. "Esperamos toda a ajuda e o apoio
de vocês e esperamos que o povo brasileiro nos respeite como respeitamos
toda a população. Somente queremos ajudar e apoiar, dar saúde a todas
aquelas pessoas que não têm acesso aos serviços médicos", disse.
Já o médico Oscar Gonzales Martinez, especialista em saúde da família,
afirmou que esse trabalho vai estreitar os laços de cooperação.
"Queremos trabalhar com os colegas médicos brasileiros." Sobre as
críticas das entidades médicas brasileiras, Martinez afirmou que todas
as novidades estão sujeitas a críticas. "Compreendemos isso. Para nós,
isso não é importante. O importante é o trabalho junto com o povo
brasileiro."
O médico Alexander Del Toro, que também desembarcou em Brasília, disse
estar contente com a vinda para o Brasil. "Não viemos para competir,
viemos para trabalhar juntos. Esperamos apoio de todo o povo brasileiro.
Desse apoio, necessitamos. Viemos com o coração aberto para vocês,
lembrem-se só disso."
O profissional Angel Lemes Domingues disse ter expectativas muito
grandes de oferecer ao povo brasileiro uma boa saúde. "Sem saúde, não
tem outra coisa. Só saude é o que faz que a gente fique no máximo de
nossa vida. Não importa dinheiro, não importa outra coisa se a gente não
tem saúde (...) A gente vem ao Brasil trabalhar junto com os médicos e
todos profissionais de saúde do país. Trabalhar junto também com a
comunidade do Brasil", declarou.
Rodolfo Garcia, médico cubano com 26 anos de experiência profissional,
disse que a expectativa dos cubanos é fundamentalmente atender à
carência das regiões do Brasil que não têm médicos. "Por meio da Opas,
soubemos que há muitos municipios carentes de médicos no Brasil. Viemos
com muita vontade de trabalhar e fazer as coisas bem. Cuba é um país
pobre, que não tem muitos recursos naturais. Mas temos muitos recursos
humanos, muitos médicos especialistas que estão com disposição de vir
trabalhar junto com vocês", afirmou.
Manifestações
A chegada dos médicos cubanos a Brasília foi acompanhada por
manifestações favoráveis e contrárias. Cerca 25 pessoas entoaram gritos
de ordem, como: "Brasil, Cuba, América Central, a luta socialista é
internacional", ou "Cuba sim, yankees não. Vivam Fidel e a revolução" e
também "Cubano, amigo, o Brasil está contigo".
Por outro lado, também houve manifestações contrárias, como a da
professora de português Sandra Gomes, do Espírito Santo, que pediu
oportunidade para os jovens brasileiros que desejam se formar em
medicina. "Os médicos cubanos podem ser um paliativo, mas a solução é
formar os nossos jovens. Formar o pessoal do próprio local onde tem
carência de médicos", opinou.
'Módulo de avaliação'
Nas primeiras três semanas no Brasil, os cubanos participam do chamado
"módulo de avaliação", que inclui um treinamento sobre o sistema de
saúde pública brasileiro e língua portuguesa. Também estão nessa
preparação os estrangeiros e brasileiros formados no exterior que se
inscreveram no programa - na última sexta, estrangeiros chegaram em
vários estados do país .
cubanos em Brasília (Foto: Alexandro Martello/G1)
De acordo com o Ministério da Saúde, esses profissionais serão encaminhados para 701 municípios que não foram selecionados por nenhum médico brasileiro ou estrangeiro, dentro do programa Mais Médicos. O atendimento à população nas unidades básicas de saúde está previsto para começar no dia 16 de setembro.
Apesar de o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) ter afirmado que só emitirá registro para os estrangeiros que se submeterem às provas de revalidação do diploma, conforme regra nacional em vigor, o Ministério da Saúde assegura que esses médicos terão autorização especial para trabalhar por três anos exclusivamente nos serviços de atenção básica para o qual forem destacados.
O Ministério da Saúde informou ainda que esses médicos cubanos já participaram de outras missões internacionais. Todos são especializados em medicina da família e a maioria (84%) tem mais de 16 anos de experiência em medicina.Veja perfis de médicos que atuarão no país . http://g1.globo.com/bemestar/mais-medicos-2013/platb/sábado, 24 de agosto de 2013