Com juros de 238% cartões de crédito lideram queixas
Com a maior taxa média de juro do mercado (238% ao ano), os cartões de
crédito tiram o sono de muitos campo-grandenses. Apenas no ano passado,
776 pessoas procuraram a Superintendência de Proteção e Defesa do
Consumidor (Procon-MS) para reclamar das operadoras de cartão. Queixas
quanto às taxas de juros, cobrança indevida e prestações em atraso somam
582, 75% do total das reclamações relativas a cartões de crédito. O
juro médio praticado pelas administradoras de cartão de crédito é mais
de 20 vezes superior à taxa básica de juros, a Selic, que até ontem
estava em 11% ao ano.
Pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças,
Administração e Contabilidade (Anefac) mostra que as taxas de juros
médias para operações de crédito para pessoa física registraram em
dezembro as maiores quedas desde 1995. O crédito rotativo dos cartões de
crédito, no entanto, manteve-se estável em 10,69% ao mês ou 238,30% ao
ano. “Como os juros dos cartões são muito elevados, o consumidor deve
criar o hábito de ler o contrato antes de aderir a uma operadora”,
orienta o superintendente do Procon-MS, Lamartine Ribeiro.
Ele observa que a diferença cobrada do consumidor pelas operadoras de
cartão corresponde a um empréstimo. “Na verdade, as operadoras estão
financiando para a pessoa o pagamento restante”, diz. Como se trata de
financiamento, o aconselhável é o consumidor buscar outra forma de
crédito. “Se a pessoa não tem dinheiro suficiente para pagar o valor
total da conta do cartão, ela deve buscar, então, empréstimos com juros
menores”, acrescenta.
“Juro é o preço do dinheiro”, define o superintendente. Conforme ele, o
consumidor deve dispensar aos juros o mesmo tratamento que dispesam a
qualquer produto. “Da mesma forma que a pessoa pesquisa o preço do pão,
por exemplo, deve também pesquisar os juros”, afirma.
Ainda elevado
Em relação a 2010, o volume de reclamações contra operadoras de cartões
de crédito que chegaram ao Procon no ano passado recuaram 4,5% - em
2010, foram 813 queixas. A queda, no entanto, não é motivo para
tranquilidade, segundo Lamartine Ribeiro. “Continua sendo um número
elevado. O setor financeiro, que inclui as operadoras de cartão, é,
hoje, o maior problema do consumidor sul-mato-grossense”, diz.
Nas reclamações de 2010, a maioria refere-se a altos juros e a formas
de cobrança. Com 445 registros, a cobrança indevida é o tipo de queixa
mais frequente, de acordo com o Procon. Em seguida, estão as taxas de
juros, com 83 procedimentos. De acordo com o setor de estatística do
Procon, esses dois assuntos, além do cálculo de prestação em atraso (com
83 citações), têm em suas origens discordâncias quanto ao juros
cobradosquarta-feira, 18 de janeiro de 2012