Queremos estar na Série A
Chegou ao final o Brasileirão da série A e nos bate uma melancolia
que nos reporta aos anos 77, quando o galo da bandeirante (Operário
Futebol Clube) estava nessa galera mostrada ao vivo pela TV, a milhões
de brasileiros e porque não, a estrangeiros (tomara que tenha passado na
Argentina).
Naquela época, ainda garoto, ia com meu pai e meus irmãos ao Morenão
gritar nomes como: Castilho, Manga, Artuzinho, Pastorial, Marião,
Everaldo e outros. Como era bom ter o poder, a certeza, a razão de ver o
Operário surrar equipes como Palmeira, Fluminense, Vasco, São Paulo
(ops, esse fomos roubados).
Hoje, todos querem ver Mato Grosso do Sul nesse cenário mágico da
Série A, onde apenas 20 valorosos guerreiros bebem dessa água pura de
prazer. Eu digo todos, porque também me incluo nesse universo de
pessoas, que querem ver novamente o Morenão lotado de torcedores,
torrrrcenndoooo por um time nosso, pantaneiro mesmo.
Aí, começo a comparar as épocas e as condições para que essa visão do
Olimpo se realize. Começo pelo Estádio Pedro Pedrossian, onde o gramado
era um tapete verde maravilhoso, cuidado pelo saudoso Major Maravieski,
que tratava daquele campo de jogo de 105x75m como se fosse o gramado de
sua casa, regado no inicio da manhã e ao final da tarde (naquela época
não se fazia shows).
Vem-me a mente os jogadores Manga e Artuzinho que eram nomes
nacionais, que vinham aqui sabendo que receberiam os seus enormes
salários. Aí pergunto ao meu pai, naquela época, empresário do ramo de
couros, como se pagava esses salários? Fácil, me responde, havia 100
empresários que doavam R$ 4.000,00 (naquela época 4 milhões de reais
novos ou velho, nem sei mais) todo mês, rigorosamente. E outros doavam
mais. Era paixão.
Hoje, um atacante do América Mineiro (rebaixado) tem salários de R$
200.000,00. Quanto seria a folha do Sport Club Corinthians (campeão). E
pasmem, o Atlético Paranaense caiu para a Série B. Clube com uma das
melhores estruturas do futebol brasileiro (categorias de base para dar
inveja a muitos clubes europeus) e patrocínio de uma multinacional russa
KYONCERA.
Projeto então uma equipe pantaneira na Série A. Vamos começar
disputando a Série D, onde, segundo uma consultoria esportiva, é
necessário um investimento de R$ 600.000,00 mensais. Entre apresentação
de jogadores a final, lá se vão 6 meses e três milhões e seiscentos mil
reais de investimento.
Estamos na Série C, todo mundo empolgado e reunimos entre amigos uns 8
milhões para chegarmos a final dessa 3ª divisão. Festa na Afonso Pena,
carreata com carro de bombeiros para os jogadores, etc. Estamos na Série
B – 2ª divisão do Brasileirão.
O ano é 2014. Copa do Mundo no Brasil. Todas as competições adiadas
para o 2º semestre, melhor, temos tempo de arrumar a casa. Precisamos
correr, construir um CT (é isso aí, Centro de Treinamento) com muitos
campos, refeitório, hotel para concentração, CEFIS.......dinheiro,
precisamos de dinheiro. Só uns 30 milhões (o orçamento do Corinthians
para 2012 é de R$ 100.000.000,00). Mas tudo bem, somos brasileiros não
desistimos nunca. Só falta esse pulinho.
- Estamos na elite do futebol brasileiro. Sonho de um povo que um dia viveu essa glória em ser o 3º melhor clube do Brasil, lugar conquistado no Estádio Morumbi, diante do poderoso São Paulo Futebol Clube. Olho para traz e lembro-me das dificuldades, as viagens, as concentrações, o choro, as vaias, treinamento, concentração, mais viagens, 90 milhões de reais.....QUANTO????... 90 MILHÕES. Volto a sonhar.