Três suspeitos de participação no ataque contra o acampamento indígena da etnia guaraní-kaiwá foram presos na terça-feira (29), de acordo com informações da Delegacia de Polícia Federal de Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul. O cacique do acampamento, Nísio Gomes, segue desaparecido desde 18 de novembro, dia do ataque.A área onde ocorreu o ataque está em estudos para identificação de terras indígenas, e faz parte de fazendas situadas entre os municípios de Aral Moreira e Amambaí. O local foi alvo de pistoleiros que atiraram com armas de balas de borracha contra os índios acampados.Na quinta-feira (24/11), índios e produtores rurais fizeram um acordo para conviverem na região dos acampamentos indígenas. O compromisso foi firmado durante uma reunião com o procurador do Ministério Público Federal de Ponta Porã, Thiago Santos.
De acordo com a assessoria de imprensa do MPF-MS, ficou acordado que os guarany-kaiwá não vão interferir nos trabalhos agrícolas nas fazendas invadidas e os produtores autorizaram a permanência dos acampamentos.Os índios afirmam que o corpo do líder religioso foi colocado em uma caminhonete e levado da região. Outras duas pessoas ficaram feridas. No acampamento, vivem cerca de 100 índios da etnia kaiwá.
Entenda o conflitoBrigas por terras entre indígenas e produtores rurais são cada vez mais comuns em Mato Grosso do Sul. Dados do censo feito em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística revelam que MS é o segundo estado com mais indígenas (73.295), perdendo apenas para o Amazonas (108.080). O ataque ao acampamanto Guaviry foi mais um episódio da violência provocada pela briga.O historiador Antônio Brand explica que os indígenas foram expulsos de suas terras à medida que os colonizadores chegaram. Segundo ele, aos poucos, as fazendas foram construídas, áreas verdes desmatadas e os nativos mudaram-se para outras localidades. Hoje, grande parte mora em acampamentos e tenta tomar por conta própria o espaço que a eles pertenceu.
O assessor para assuntos fundiários indígenas da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Josiel Quintino dos Santos, afirma que a maioria das terras dos produtores do estado são regulares. Segundo ele, existem aproximadamente 49 fazendas ocupadas por índios no estado, todas com titulações válidas do ponto de vista jurídico.