ONG de ex-atleta é suspeita de fraudar convênio com Ministério do Esporte
A organização não governamental Pra Frente Brasil, criada em 2003 pela ex-jogadora de basquete Karina Valéria Rodrigues, é suspeita de desviar recursos repassados pelo Ministério do Esporte por meio do programa Segundo Tempo, que visa incentivar a prática esportiva entre crianças e adolescentes carentes. A reportagem foi exibida no “Fantástico” deste domingo (16).
O mesmo programa Segundo Tempo foi alvo de reportagem da revista “Veja” neste fim de semana. Segundo a revista, o ministro do Esporte, Orlando Silva (PC do B), teria participado de um suposto esquema de desvio de dinheiro da pasta. A reportagem traz declarações do policial militar João Dias Ferreira, preso pela Polícia Civil de Brasília em 2010, também por suspeita de fraudar o Segundo Tempo.À “Veja”, João Dias, como é conhecido, afirmou que o ministro teria recebido dinheiro pessoalmente na garagem do ministério. A reportagem aponta que o suposto esquema teria desviado cerca de R$ 40 milhões nos últimos oito anos. Orlando Silva nega.
Parte da verba recebida pela entidade seria utilizada para compra de lanches. A principal fornecedora é a empresa RNC, de Campinas. Um dos sócios da RNC é Reinaldo Morandi, que diz ser assessor de Karina. A RNC foi contratada pela Brasil Pra Frente e recebeu mais de R$ 10 milhões entre 2007 e 2010. Em janeiro de 2010, foi assinado um contrato entre a empresa e a ONG no valor de R$ 4,47 milhões para fornecimento de kits lanche por 21 meses.
O Ministério do Esporte não exige que as entidades façam concorrência pública, mas determina que as ONGs façam cotação de preços e observem os princípios da moralidade, economicidade e impessoalidade.
Na avaliação do promotor José Cláudio Tadeu Baglio, do Grupo de Combate ao Crime Organizado, a contração da RNC é irregular. "O princípio da impessoalidade significa, a grosso modo, que você não pode contratar uma empresa baseado na pessoa que está por trás dessa pessoa jurídica", diz. Isso significa, conforme o promotor, que dirigentes de ONGs não deveriam contratar pessoas próximas, como parentes e amigos. Quando o "Fantástico" voltou a procurar Reinaldo Morandi, ele negou ligação com Karina.