Fui dar um beijo na minha mãe e ela estava respirando
Internada
com infecção pulmonar no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna,
Duque de Caxias, Rosa Celestrino de Assis, de 60 anos, foi dada como morta e
passou duas horas dentro de um saco plástico, na câmara frigorífica do
necrotério da unidade, até a filha, que foi reconhecer o corpo da mãe, perceber
que ela ainda respirava.
A Secretaria estadual de Saúde abriu sindicância para
apurar responsabilidade no episódio, descoberto na noite da sexta-feira, como
informou o "RJTV", da TV Globo.
- Fui dar um beijo na minha mãe e ela estava respirando. Comecei a gritar
"minha mãe está viva!", e todos ficaram me olhando como se eu fosse
louca. Você vai ao hospital pegar uma pessoa que conhece, que te botou no
mundo, e, além de ela estar na gaveta gelada de um hospital, quando abre, vê
que a pessoa está respirando - desabafou a filha de Rosa, Rosângela Celestrino.
Segundo a direção do hospital, a paciente já havia sofrido dois derrames e
respirava com o auxílio de aparelhos. Às 19h20m de sexta-feira, uma enfermeira
da emergência teria chamado o médico de plantão porque Rosa não apresentava
mais sinais de vida.
O médico teria feito testes e assinado o prontuário. Com
base na avaliação, o chefe do plantão emitiu uma declaração de óbito e a mulher
foi levada para o necrotério. Às 22h, o erro foi constatado e a paciente voltou
ao CTI.
- Ela fez algum tipo de movimento e imediatamente foi levada para o CTI,
intubada novamente e colocada no respirador - disse o diretor Manoel Moreira
Filho.
O médico que atestou o óbito pediu demissão e a enfermeira foi demitida, mas
seus nomes não foram divulgados. A família registrou queixa na polícia. Se for
comprovada a negligência, ambos podem ser autuados por lesão corporal ou, se a
paciente morrer, por homicídio culposo.
Na quarta-feira, o chefe de plantão do Hospital de Saracuruna foi exonerado,
porque um acidentado foi recusado na unidade. Gabriel Paulino dos Santos de
Sales, de 21 anos, que sofreu um acidente às 16h30m de segunda-feira, em
Caxias, passou por cinco unidades de saúde, até conseguir ser internado no
Hospital Salgado Filho, no Méier.