domingo, 24 de julho de 2011
RIOVERDEMS | Por PORTAL RIOVERDE NOTICIAS
POLÍCIA DO MS.INTELIGENCIA A SERVIÇO DO CIDADÃO...
Cunhado ‘pedia Justiça’, menores choraram e o prefeito era suspeito
FAUSTO BRITES COM EDITORIAS DE POLÍCIA E CIDADES
A polícia fechou a semana com dois casos esclarecidos e um terceiro prestes a ter desfecho. Dois deles ocorreram em Campo Grande - a morte da jovem Marielly Barbosa Rodrigues, 19 anos, por um aborto malsucedido e do jovem Thiago Marques Rosa, 25, assassinado por adolescentes por R$ 30 - e, outro , da execução do vereador de Alcinópolis Carlos Antônio Carneiro (PDT)e que levou para a cadeia o prefeito Mané Nunes (PR), o presidente da câmara Enio Queiroz (PR), além dos vereadores Valter Roniz (PR), e Valdeci Lima (PSDB), mais conhecido como Passarinho
Foram crimes que tiveram grande repercussão principalmente por suas características. Os acusados atuaram como atores de primeira linha, chegando ao ponto de se finigirem de "vítimas" - como Hugleice da Silva, 25 anos, e as adolescentes que simularam ser tanto vítima como o rapaz que depois seria morto -, assim como o prefeito que todo o tempo jurou não ter nada com a morte do vereador.
Ele clamava por "justiça''
No Caso Marielly, o principal ator neste episódio foi justamente o cunhado da vítima que teria levado a jovem para fazer aborto em Sidrolândia até porque chegou a manter relacionamento amoroso com ela. Além disso, ele próprio não descarta a possibilidade de ser o pai da criança.
Em 'doses homeopáticas', Hugleice acabou confessando - na quinta-feira passada (21) - seu envolvimento no episódio que culminou na morte da cunhada. Durante depoimento complementar na Delegacia de Homicídios em Campo Grande, ele admitiu ter esperado a jovem na casa do enfermeiro Jodimar Ximenes, 40, em Sidrolândia, durante a realização do aborto e como o procedimento "deu errado" e a garota morreu, ele e o enfermeiro transportaram o corpo da jovem para o canavial, onde foi encontrado 20 dias depois, pela polícia.
Hugleice não citou, em depoimento, as razões para não socorrer a cunhada. Segundo ele, a garota foi transportada já morta da casa de Jodimar para o canavial.
Marielly desapareceu no dia 21 de maio e a família começou a envolver a imprensa na busca pela garota. Vinte dias depois o cadáver foi encontrado, e o cunhado era figura sempre presente nas entrevistas pedindo justiça no caso.
Elas até choraram
A morte do auxiliar administrativo Thiago Marques Rosa, 25, ocorrida na madrugada do último domingo, em Campo Grande, começou a ser esclarecida na segunda-feira (18), por volta das 10h, quando a mãe de uma das garotas envolvidas no crime procurou a 5ª Delegacia de Polícia Civil para entregar a filha e sua amiga. As jovens, uma de 14 anos, outra de 15, juntamente com um adolescente de 17, são acusados de participação em assalto e morte do rapaz.
Foto: Valdenir Rezende/Correio do Estado
As meninas confessaram o crime a uma das mães depois de surgir, durante o domingo, vários comentários no bairro em que elas residem, o Jardim das Meninas, sobre o envolvimento de ambas no episódio. Foi aí que a mãe, resolveu encaminhá-las à delegacia. A outra mãe também foi avisada e compareceu no distrito policial.
O acusado de ter feito os disparos, um menor de 17, chegou a transmitir por celular aos seus comparsas a a execução do jovem.
Segundo depoimento das garotas, elas e mais quatro menores planejaram assaltar Thiago pois havia a informação de que o rapaz estaria portando R$ 800 na noite de sábado (dia 16). Uma delas, a de 14 anos, já mantinha um relacionamento com o jovem e ligou para ele marcando um encontro no mesmo bairro em que elas moram.
A garota disse que levaria uma amiga, e Thiago disse que arrumaria um amigo. Quando os dois se encontraram, o auxiliar administrativo informou à garota que iria buscar o amigo – já com as duas no carro – momento em que o menor de 17 anos o rendeu. As garotas chegaram a chorar, fingindo-se assustadas com a ação do assaltante que, na realidade, era o comparsa.
Thiago foi levado para a casa da tia da menor de 14, que estaria vazia. Chegando lá, fizeram a revista no rapaz e só encontraram R$ 30.
"Como foram identificados pela vítima e temendo que fossem denunciados à polícia, os três então teriam decidido matá-lo", descreve o delegado Fernando Nogueira, da 5ª DP, que está à frente das investigações.
Colocaram um capuz no rapaz e disseram para ele que o soltariam numa estrada. Mas, não foi o que ocorreu. Ele foi executado na saída para São Paulo e seu veículo, uma caminhonete Blazer, foi deixada a três quilômetros do corpo. Ele foi alvejado por quatro tiros.
"Não deveo nada", afirma o prefeito
Foto: Marco Antonio/Alcinópolis.com
Na madrugada de quarta-feira dia (20), uma equipe da Polícia Civil cumpriu seis mandados de prisão em Alcinópolis (MS). Entre os presos estão o prefeito Mané Nunes (PR), o presidente da câmara Enio Queiroz (PR), além dos vereadores Valter Roniz (PR), e Valdeci Lima (PSDB), mais conhecido como Passarinho. O comerciante Ademir Luiz Muller também está preso. Jurdete Marques de Brito, esposa de Irineu e funcionária da Prefeitura também está presa.
Os suspeitos chegaram em Campo Grande por volta de 11h15min na Delegacia Especializada em Roubos e Furtos (DERF). Eles foram ouvidos pelo delegado que esclareceu a possibilidade de fazer uma acareação a partir dos depoimentos.
O delegado de Polícia Civil Sidney Alberto destacou em entrevista coletiva com a imprensa que a prisão do prefeito de Alcinópolis Mané Nunes (PR) e mais cinco suspeitos aconteceu a partir de fortes indícios que apontam o envolvimento destas pessoas na morte do vereador Carlos Antônio Carneiro (PDT), executado a tiros em Campo Grande.
Ele disse que a investigação foi demorada para que a Polícia pudesse fazer um levantamento mais detalhado do caso. Segundo o delegado, a prisão foi pedida após quebra de sigilo telefônico e bancário dos suspeitos. Ele não deu detalhes sobre quais seriam estes indícios.
Alberto disse ainda que não descarta a possibilidade de serem feitas novas prisões a partir das declarações dos seis envolvidos.
Em novembro de 2010, e sob sigilo, a Polícia Civil fechou o inquérito que apurava o assassinato do presidente da Câmara Municipal de Alcinópolis, vereador Carlos Antônio Carneiro (PDT), e calou-se sobre o mandante do crime.
Em relatório encaminhado à época para a Justiça a delegada apenas comunicou a prisão de Irineu Maciel, de 37 anos, que desferiu três tiros à queima roupa em Carlos, o pedreiro Aparecido Souza Fernandes, 34 anos, que levou Irineu de moto até o local do crime, e Valdemir Valsan apontado como responsável por contratar os outros dois.
O prefeito de Alcinópolis (MS), Manoel Nunes da Silva (PR), sempre negou que tenha sido o mandante da execução de Carlos Antonio Costa Carneiro,. "Não devo nada e espero que a Justiça prove isso o quanto antes", disse Manoel no dia 27 de outubro de 2010 ao Correio do Estado. Já o vice-prefeito do município, Alcino Fernandes Carneiro (PDT), 65 anos, pai da vítima, por sua vez disse acreditar que Manoel tenha sido o mandante do crime.